Em minhas navegações pela
web me deparei com esta ideia, achei estranha,
beirando o mau gosto, logo a rechacei. Mas ela ficou ribombando em minha
memória, e acabei refletindo a respeito, então acabou me fazendo algum sentido.
Bem, posso entendê-la levando em
consideração que passei por uma cruel e rara enfermidade que limitou meus
movimentos mais simples e me ameaçou com a morte, dando-me apenas 5% de chances
para continuar vivo. Isso aconteceu de uma hora para outra, quase que
instantaneamente. Naquela época eu literalmente não me mexia. Minha esposa,
companheira, amiga e confidente Claudinha se agarrou ferozmente por mim a estas
chances, me socorria a cada instante, se antecipava às minhas necessidades, inclusive
para me virar de lado na cama, coisa que eu não conseguia fazer, pois não tinha
força física nem para falar, e eu era proibido de falar. Não precisava proibir,
eu não conseguia mesmo.
Estático na cama, lúcido, com os
pensamentos em altíssima velocidade, sabendo que na sala havia médicos, e
outros tantos ao telefone, atarantados, buscando respostas, apressados em me
salvar, eu via a minha vida em projeção no teto de meu quarto como em um cinema,
melhor dizendo: como em uma sala de edição. Eu era diretor, produtor e
personagem principal daquele filme, que acabara de me fugir ao controle. A
trama parecia precisar de um final. Os rolos de negativo estavam acabando.
Até hoje a ciência não afirma que
estou curado, e acho que ela jamais afirmará, mas eu afirmo. Eu sei que estou curado.
Até porque tomei a decisão de morrer com isso, mas não disso.
Naqueles dias eu imaginava que
quando saísse daquela situação – eu tinha certeza que sairia – eu seria como
tantas pessoas que depõem sobre a vida após quase perdê-la. Eu seria a
personificação da disciplina e da alegria. Dormiria oito horas ao dia, me
alimentaria com extremo cuidado, bendiria o dom de estar vivo a todo o momento.
Pequenos vícios? Pequenas transgressões? Nem pensar. Escalaria montanhas,
aprenderia a tocar algum instrumento... Eu seria aquele que surgiu das cinzas,
que venceu a morte prematura. Um chato. Que nada. Continuo normal. Assim como
antes da fase mais dura da doença continuo errando e acertando. É claro que hoje
atribuo um valor muito maior à vida. Estou mais amadurecido, entendo a vida com
mais clareza. Acho que entendi o que o Universo quis me dizer. Daí sou o que
sou hoje, e faço o que faço. Tenho a minha missão, estou aqui, ou continuo
aqui, por um propósito. O fato de você estar lendo este artigo agora é um dos
aspectos de minha missão e propósito de vida.
Uma das coisas mais bacanas que o
processo de coaching faz em conjunto com o coachee (cliente) é descobrir a
missão e o propósito de vida dele.
Pouca gente pensa nisso. É
verdade. A vida vem com suas surpresas e você vai vivendo, sempre em busca da tal
felicidade, do bem estar material, da fama, do sucesso, do reconhecimento, e em
nome desta busca passa doze, quinze horas soterrado pelo trabalho, em eventos e
viagens, sempre dizendo para quem reclama a sua presença, e às vezes para si
mesmo, que assim que concluir aquela negociação, que assim que aquele cliente
assinar o contrato, assim que o investidor se mostrar satisfeito, etc., as
coisas ficarão mais calmas, você estará mais presente. Mas nunca ficam. E você
nunca está presente. Seus pensamentos e suas conversas, sejam num jantar de
negócios, seja num almoço em família, sempre são sobre trabalho, metas, ponto
de equilíbrio, empreendimento, workshop, fluxos... E assim vai. Inclusive assim
vai a vida toda.
Qual é a quantidade de dinheiro
suficiente para você?
Quais são as suas verdadeiras
prioridades? Quem você ama participa destas prioridades?
Como você demonstra seu amor a
quem você ama?
Do que você quer se lembrar
quando chegar na velhice?
De que maneira você gostaria de
ser lembrado dez anos após sua partida?
A vida é muito curta para ser
pequena¹,
e pode ser vivida como uma doença terminal. Brincam que da vida ninguém
sobrevive, ninguém sai vivo. Concordo. O tempo é curto. Bem curto.
Como você se traduz em poucas
palavras? Qual o seu lema interno, seu slogan?
Escreva um adágio sobre si mesmo.
Depois pense em sua missão, em seu propósito, fazendo-se a pergunta: O que me
atrai para a vida?
Levando em conta seus maiores
talentos e características procure estruturá-la mais ou menos assim:
Minha missão é... através
de...para...
Será uma ferramenta poderosa se
encerrar seus valores e suas crenças. Ela vai te orientar nas dúvidas e te
acalmar nos conflitos.
Não se preocupe se alguém vai
entender ou não. Não é para os outros ou para sua promoção. É para você.
¹ Frase de Benjamin Disraeli
Grande depoimento de vida meu caro. Temos que ter cuidado absoluto naquilo que se persegue na vida porque a felicidade está no presente e nunca no futuro. Para ser feliz é preciso estar em harmonia com a vida neste exato momento. Cuide dos seus verdadeiros bens que são sua família e seus amigos. A nossa missão, nosso propósito de vida é bem simples e se resume apenas em "aprender a amar". Refiro-me não ao amor que se tem pela mulher ou pelos filhos, mas ao amor por comportamento. Gratidão, compaixão, simplicidade, gentileza e tolerância, são os valores que devemos de fato perseguir na vida em todas as situações. É como um exercício que se deve praticar e treinar em cada gesto ou atitude. Isso nos tornará seres humanos bem melhores com um sentimento de realização plena e você ainda leva de sobejo o amor das pessoas em relação a você.
ResponderExcluirObrigado pelo seu comentário, Rogério!
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