O que é Coaching?

Muitas pessoas confundem o Coaching com terapia, autoajuda, aconselhamento, mentoring ou treinamento. Já me perguntaram até se o Coach é um psicólogo para executivos. Estas noções estão equivocadas, mas isso é compreensível porque embora a profissão de Coach seja a que mais cresce no mundo ela ainda é relativamente nova no Brasil.

O Coaching não é uma ideologia, ele é uma metodologia holística e pragmática, um processo com início meio e fim. Ele não é restrito a executivos, profissionais liberais ou empresários; aplica-se a toda e qualquer pessoa que busca conhecer mais a si própria e conquistar uma vida mais plena, feliz e realizada.

O Coaching libera o potencial humano para maximizar seu desempenho.

O profissional Coach - regido por rigorosos princípios éticos e morais - apoia o indivíduo a definir com clareza as suas metas e desenvolver competências para alcançá-las. Ele assessora o Cliente na obtenção de resultados em larga escala na sua vida pessoal, carreira profissional ou negócio, de quaisquer áreas de atuação. Durante este processo o Cliente amplia seu nível de consciência, autoconhecimento e responsabilidade pelos resultados da própria vida.

Considere estas perguntas:

O que eu quero da vida? Quais são as minhas perspectivas? Quais são os meus sonhos?

Eu tenho tudo o que quero? Eu tenho tudo o que mereço? O que é possível para mim?

O que é importante para mim? Quais são os meus valores pessoais? Eu os conheço e vivencio?

O que eu acredito sobre mim? O que eu acredito sobre a vida?

Agora imagine uma maneira de explorar estas perguntas com a assessoria de alguém preparado e habilitado para lhe auxiliar a concretizar seus sonhos mais importantes, e transformar-se na pessoa que você sempre desejou ser.

Isso é Coaching.



Referências:

Villela da Matta & Flora Victoria – Sociedade Brasileira de Coaching

Andrea Lages & Joseph O’Connor – Comunidade Internacional de Coaching e Lambent do Brasil

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Nossos relacionamentos - Somos um, ou somos dois?

Eu sou eu, e você é você.
Eu faço minhas coisas, e você faz as suas.
Não estou neste mundo para viver de acordo com suas expectativas
E você não está neste mundo para viver de acordo com as minhas.
Você é você, eu sou eu.
E se por acaso nos encontramos, é lindo.
Se não, nada há a fazer. 



Oração da Gestalt,
escrita em 1969 por Frederick (Fritz) Perls




Entender os relacionamentos como uma complementação de nosso ser por outra pessoa me parece crueldade, nada saudável. E vamos aí em todas as dimensões de um relacionamento; de paixão, amizade, amor, familiar, social e profissional. 

É certo que as relações profundas projetam um terceiro elemento, resultado perceptível quando dois seres caminham juntos pela vida, pelo tempo que for, e isso pode ser traduzido por uma simples representação matemática: A+B=C
Mas isso só acontece se A e B forem completos e íntegros consigo próprios, caso contrário surge um resultado (C) incompleto e disforme, desestruturado e desequilibrado.

Eu me conheço e conheço você. Sei quem sou e quem você é. Nós nos respeitamos em nossas individualidades, sabemos de nossas diferenças, e cada um de nós vive conforme nossas convicções, fraquezas, qualidades e defeitos. Não nos anulamos para chamar a atenção um do outro, não nos sabotamos para sermos gostados, amados ou para sermos aprovados. Eu não espero nada de você; sou quem eu sou, e você é quem você é, e assim não nos decepcionamos um com o outro.
Somos únicos, e por isso mesmo estamos aqui. Somos dois, e é muito bom ter te encontrado.
Podemos seguir assim, se você quiser. Caso contrário, vou em minha própria companhia. Nada posso fazer, nem você.


Uma relação saudável pode ser extremamente simples, desde que haja um profundo respeito por si próprio, e se parta diáriamente em busca de autoconhecimento.



Para alguns o pensamento de Fritz Perls neste poema pode parecer exageradamente individualista. Então fica aqui um convite à reflexão pelas palavras de Alina Purvinis, coordenadora do Núcleo de Gestalt Terapia Integrada, de Campinas/SP.
                                                                                                                                         "Viver é afinar o instrumento, de dentro pra fora, 
de fora pra dentro, a toda hora, a todo momento"
Música Serra do Luar
Autoria de Walter Franco




A assim chamada “Oração da Gestalt”, um pequeno poema escrito por Frederick Perls, e considerada uma síntese da sua visão sobre as relações interpessoais, tem sido, na minha opinião, muitas vezes mal interpretada.
Tenho ouvido críticas a ela, afirmando que Fritz prega um individualismo exacerbado, enfatizando o “eu” e o “tu”, e deixando de dar importância ao “nós”, á interdependência que existe entre todos os seres humanos.

EU NÃO ENTENDO A ORAÇÃO DESTA MANEIRA.

Ao contrário, considero que a posição afirmada por Perls é a de um respeito total pela individualidade, pela aceitação das diferenças individuais e pelo reconhecimento e aceitação plenos dos limites inerentes a qualquer relacionamento.
Explicitando melhor cada parte da oração:

“Eu sou eu”: o primeiro pré-requisito para qualquer relacionamento maduro e saudável é que eu saiba quem sou, que eu reconheça e aceite todas as partes que compõem minha individualidade (tanto minhas qualidades e recursos, quanto meus defeitos e limitações), e que eu assuma totalmente a responsabilidade por tudo que sinto, penso e faço.

“Você é você”: o segundo pré-requisito (que depende do primeiro) é ser capaz de ver o outro, reconhecer o outro como outro, diferente de mim. Temos a tendência de projetar nossos sentimentos, expectativas, conflitos, significados, na outra pessoa, principalmente quando não temos uma consciência clara desses aspectos. Interpretamos muitos comportamentos das outras pessoas como algo dirigido a nós, quando, na maior parte das vezes, esses comportamentos têm a ver com o referencial delas, não tem nada a ver conosco.

“Eu faço minhas coisas, você faz as suas”: costumo comparar as duas pessoas envolvidas num relacionamento com dois círculos. Se eles estão completamente separados, não existe relação. Se eles estão superpostos, isso configura uma confluência (fusão, simbiose), em que a individualidade dos dois está anulada. Se eles têm um espaço de intersecção, existe uma interdependência – cada um tem o seu espaço individual, em que desenvolve seus próprios interesses e preferências, e existe o espaço comum aos dois, em que fazem coisas juntos e compartilham experiências.

“Não estou neste mundo para viver de acordo com suas expectativas, e você não está neste mundo para viver de acordo com as minhas”: quando iniciamos um relacionamento, podemos ficar extremamente preocupados em relação ao que o outro espera de nós; algumas pessoas (especialmente as mulheres) parecem ter desenvolvido “antenas” para captar as necessidades do outro e tentam satisfazê-las, na expectativa de assim obter seu afeto e aprovação. No entanto, agir dessa maneira é uma armadilha, por várias razões: em primeiro lugar, aquela pessoa única e interessante que despertou atração simplesmente desaparece, transforma-se num “zero á esquerda”, extremamente desinteressante; em segundo lugar, a pessoa que se anula e dá demais cria expectativas de receber muito também e se frustra – temos uma idéia errônea de que seremos tratados da mesma maneira como tratamos o outro, e na verdade somos tratados pelo outro da mesma maneira que nós nos tratamos; em terceiro lugar, a pessoa nunca vai se sentir realmente amada ou valorizada, pois não está sendo ela mesma no relacionamento, está mostrando uma falsa imagem; e, finalmente, ninguém consegue sufocar suas verdadeiras necessidades e sentimentos para sempre, então esse relacionamento é uma “ bomba relógio”, aquilo que a pessoa faz para manter a harmonia, para evitar brigas, é exatamente o que vai levar á ruptura.

“E se por acaso nos encontramos, é lindo. Se não, nada há a fazer”: este final, que ás vezes é considerado pessimista, simplesmente afirma uma verdade. Ninguém pode se obrigar a querer aquilo que não quer, a ser aquilo que não é, a passar por cima dos seus limites, a ceder onde não dá para ceder. E, por mais que duas pessoas tenham afinidades e gostem uma da outra, elas jamais conseguirão ter as mesmas necessidades, na mesma hora, com a mesma intensidade...O que podemos fazer é expressar diretamente para a outra pessoa o que pensamos, sentimos e desejamos, e permitir que o outro também se expresse livremente. Colocando assim as cartas sobre a mesa, podemos então tentar chegar a um consenso, a um acordo, cada um cedendo um pouco, sem se anular. Às vezes, isso é possível; às vezes, o melhor consenso a que conseguimos chegar é “Concordamos que discordamos...”
Se houver um afeto genuíno e um verdadeiro respeito e aceitação pela individualidade do outro, poderemos continuar nos relacionando. Se, no entanto, constatarmos que o abismo entre as minhas expectativas e as do outro é muito grande, talvez seja melhor reconhecer isso, nos despedirmos com gratidão e cada um trilhar o seu caminho, com outros companheiros de viagem.


Por Alina Purvinis (CRP: 06/1828-1)


Visite o site do Núcleo de Gestalt Terapia Integrada
http://www.nucleogestalt.com.br






quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Nossa Paz Interior

Não sei se você vai concordar comigo, mas a Paz Interior é indispensável para tomarmos nossas decisões e fazermos opções com calma, clareza e serenidade, afinal de contas vez ou outra precisamos mudar a paisagem de nossa estrada (a qual chamamos de vida), e para fazer estas mudanças é necessário optar por outros caminhos. Esta estrada é cheia de bifurcações.
Só é possível tomar uma decisão saudável se tivermos clareza, calma e serenidade, no mais, nossos caminhos serão escolhidos por um sorteio interno.
Todos buscamos a Paz Interior. Até aquele que passa seus dias buscando algo que não sabe o que é, busca esta Paz.
Sabemos que a alcançamos quando estamos num estado oposto ao stress e a ansiedade. Quando estamos felizes, tranquilos e contentes dizemos que estamos com "Paz de Espírito", ou "Paz Interior".
Existe uma forma objetiva de alcançá-la? 
Isso eu não sei, pois cada um tem a sua própria maneira de alcançá-la, mas posso falar de algumas, se servir para alguém já ficarei feliz :

Um olhar para seus locais de descanso e de trabalho
Como eles estão? 
Deixá-los organizados, iluminados e arejados pode torná-los mais agradáveis para você. Têm pessoas que gostam de borrifar um desodorizador de ambientes, porque não?

Um olhar para seus pés
Eles estão calçados?
Andar descalço um pouco, sem forçar, sobre solo natural é benéfico para o estado de espírito, pois você estará estimulando as várias terminações nervosas da planta dos pés. É uma sessão de reflexologia.
Tome apenas o cuidado de escolher superfícies planas e locais com pouca circulação de pessoas e animais; cuide de seus joelhos e evite micoses.

Um olhar para sua família e para seus amigos
Como está a qualidade de seus relacionamentos?
Ter a consciência de que cada um tem o seu próprio tempo para compreender e agir pode fazer muito bem para o humor, e faz com que lidemos com os conflitos com coragem e docilidade.
Deixar os pequenos dissabores se esvaírem com o tempo, e optar por esquecê-los, vai melhorar até a pele de seu rosto.
Concentrar-se nos bons momentos, relembrar fatos cômicos, gastar tempo com aqueles que você ama, não é tão difícil assim.

Um olhar para a natureza
Qual é o ser que precisa de você para viver?
Plantar, cuidar da terra, regar a planta e vê-la crescer é um magnífico exercício para a alma, assim como ser o protetor de um bichinho, e não um proprietário. Suas energias serão renovadas todos os dias.
Enfim, interagir com a vida que acontece a todo instante e sentir que é parte dela traz a consciência da unicidade cósmica.
Uma amiga de infância, que hoje mora na Bélgica, postou no Facebook as fotos de sua hortinha, com ervas da culinária cultivadas em pequenos vasos. Fica aí uma sugestão.

Um olhar para seu corpo, sua mente e seu espírito
O que você faz por si mesmo?
Cuide da alimentação; evite o excesso de sal e frituras.
Beba oito copos de água por dia, mais do que isso é exagero ou ressaca.
Estique-se, espreguice-se, boceje.
Faça ao menos 30 minutos de meditação todos os dias. Aquiete seus pensamentos, concentre-se em sua respiração e sinta os benefícios que ela traz ao seu corpo; sinta o sangue bombeado por seu coração irrigar todo o seu corpo, parte a parte.Tente ouvir seus batimentos cardíacos.
Ria em frente ao espelho. Dance como se não tivesse ninguém te olhando.
Reze por você mesmo. Peça o que precisa, sem culpas.
Perdoe-se. 
Ame-se.Você não está gordo demais, ou magro demais.
Durma, amanhã teremos uma nova oportunidade...ou hoje poderá ter sido a última. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Transcrição do discurso de Steve Jobs em uma formatura da Universidade de Stanford


Você tem que encontrar o que você ama


Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre ligar os pontos.
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.
Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?” Eles disseram: “É claro.”
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.
Eu não tinha ideia do que queria fazer na minha vida e menos ideia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.
Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.
Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada pôster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.
Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.
Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.
De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, carma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.
Minha segunda história é sobre amor e perda.
Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.
E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.
Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale do Silício.
Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.
A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.
E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.
Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.
Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.
Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.
Minha terceira história é sobre morte.
Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.
Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.

Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.
Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.
Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.
Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.
Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.
Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.
O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.
Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.
Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.
E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.
Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.
Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.
Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:
“Continue com fome, continue bobo.”
Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.
Steve Jobs
Discurso na Universidade de Stanford


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Cadê aquele molequinho?


Nesta semana fui convidado por uma amiga querida a trocar a imagem de meu perfil no Facebook por uma de algum personagem que habitou minha infância, de desenho animado ou história em quadrinhos. A intenção de minha amiga era homenagear as crianças pela proximidade de seu dia, em 12 de outubro. Achei a idéia bem legal, por isso troquei a minha imagem, e notei que centenas de pessoas fizeram o mesmo; as páginas do Facebook estão apinhadas de Mickeys, Patetas, Cebolinhas, Cascões, super heróis de todo o tipo, Meninas Super Poderosas, etc...
Ficou lindo! Tem cores de festa, com gosto de pipoca, cachorro quente, algodão doce e refrigerante.
Isso me fez pensar no quanto queremos libertar nossas crianças internas...mas será isso mesmo? Sabemos que o ambiente da internet nos deixa mais ousados, afinal, não estamos frente a frente com ninguém.
Quantas são as pessoas que sabem e admitem que dentro de cada um de nós reside uma criança, um ser em eterna formação?
Eu me lembro da minha infância. Achava tudo espetacular. Cada pequena coisa que via era um acontecimento gigantesco, merecedor de ser noticiado. Eu ficava fascinado quando algum avião sobrevoava a cidadezinha onde cresci, eu fiquei boquiaberto quando vi, pela primeira vez, uma formiguinha carregar um graveto várias vezes maior que ela, fiquei assustadíssimo quando vi uma estrela cadente. E a Lua então? Mesmo que eu a visse todos os dias...puxa vida! Eu tinha um esconderijo, e nele havia uma caixa de sapatos com meu tesouro; alguns carretéis de linha, o cabo de uma faca de cozinha, algumas tampinhas de garrafa e caixas de fósforo vazias. Meu tesouro. Meu esconderijo.
Se doía, eu chorava, se eu gostava, falava, se tinha medo, eu corria, se não sabia, perguntava.
Eu era o maior jogador de futebol do mundo, o astronauta que pisou na lua, o mocinho, o super herói, o menino esperto da série Perdidos no Espaço, o moleque que corria mais rápido...
Todos os dias eram uma imensidão de novidades, de descobertas e sustos.
O tempo foi passando, e adquiri algumas noções de aviação, de biologia, astronomia, deixei para trás no tempo o meu esconderijo e meu tesouro, eles foram perdendo a utilidade para mim. 
Hoje sou marido e pai, homem feito, adulto. Não admiro mais a natureza com a mesma sensação de descoberta, avião passou a ser mero meio de transporte, meu tesouro passou a atender pelo nome de dinheiro, convenções norteiam minhas atitudes constantemente e pouco olho para a Lua.
O universo perdeu sua beleza? Os dias deixaram de ser uma nova chance para descobertas e vida intensa? Ou eu apenas escondo a minha criança interior?
É assim com você também?

"Em todo adulto espreita uma criança - uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo, e que solicita cuidado, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa".
C. G. Jung

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Você está no lugar onde sente que deveria estar?



Artigo de Bia Gaspar, publicado no L'Aura Portal em 27/04/2011
É artista, terapeuta e professora de Yoga. Bailarina de formação clássica, trabalhou com dança contemporânea profisionalemente, desenvolveu trabalhos em artes plásticas e escreve contos em prosa poética.
Saiba mais contato: colaboradores@lauraportal.com.br


Quem nunca se deparou com um estado de ansiedade e dúvida a respeito de seguir num caminho - trabalho, casamento, cidade - ou se lançar em uma experiência nova e arriscada, ainda que o novo represente a morada das nossas mais profundas motivações e entusiasmo? Em contrapartida, quando unimos todos os nossos recursos (internos e externos), mobilizamos nossas forças, vencemos medos, superamos preconceitos, ainda que o movimento não tenha exatamente “sucesso” no mundo, subimos um degrau em nosso processo, crescemos a um novo patamar que só nós mesmos enxergamos, e só nós mesmos podemos celebrar e desfrutar.
Em algum ponto no caminho fazemos uma (ou mais) pergunta: devemos seguir ou permanecer? Pertencemos mesmo àquele grupo? Nossos valores estão em ressonância com os valores da instituição ou da relação? A dissonância nos é insuportável ou, em sua inevitabilidade, tolerável?
O “novo” pode estar ornado de expectativas e até ilusões, que uma vez depuradas nos mostram um núcleo. No desconhecido pode morar o chão para o próximo passo, ainda que pareçamos nos lançar num abismo. Mas não são os abismos transpassados que nos libertam de nossas mais profundas amarras? Há sempre um elemento mágico e irracional nas escolhas mais corajosas que fazemos, uma aposta ousada no desconhecido, talvez melhor definida como .
A incapacidade de decidirmos por uma direção, o movimento e o desejo represados podem sinalizar que resistimos a abrir mão de algo, que lutamos com a idéia torturante de perder alguma peça, alguma conquista anterior, algo que previamente tenhamos tomado como garantido. O jogador que pensa possível congelar um ganho não acaba por se descaracterizar como jogador? Indivíduos que somos, imersos neste complexo universo de infinitas possibilidades, não seríamos nós semelhantes à pequenos jogadores? Presos à ilusão de garantias, não excluiríamos a nós mesmos da rica e dinâmica dança de uma existência?  
Nossos desejos são ilimitados mas, e nossa capacidade de desfrutar destes mesmos objetos que buscamos com obstinado apaixonamento? O lugar onde sorvemos os sabores das nossas experiências é a mente, este verdadeiro diamante que recebemos ao nascer e que temos o livre arbítrio de deixarmos inexplorado - a mercê de vícios e padrões destrutivos - ou lapidarmos com disciplina e empenho constantes.
Mergulhados em nossos cotidianos muitas vezes nos encontramos diluídos em nossas atividades, mecanicamente operantes, sem podermos dialogar com nossas sensações, com os sinais de alerta que nosso corpo envia, com aquele “serzinho” que grita lá dentro apontando para o óbvio que tantas vezes nos escapa. Este não é o “privilégio” de uns poucos: todos devemos, em diferentes graus, responder a demandas externas. Alguns, no entanto, parecem ter as rédeas e dosar com equilíbrio o que outros só podem imaginar como um constante atropelo de atividades e pensamentos disparados e incontinentes. O movimento ininterrupto em direção ao resultado, à recompensa, à aquisição de posses que traduzem um sentimento de segurança pode denotar um estado de ininterrupta incompletude. Assim, nos movemos sempre “com sede”, identificados com o que nos falta.
Sobre esta sensação intrínseca de limitação e incompletude nos fala (ao coração) o chamado Advaita Vedanta, o fértil e milenar corpo de conhecimento que embasa e sustenta as práticas e o modus vivendi do Yoga. Ser um jogador inteiro, ancorado, consciente e amoroso requer, indubitavelmente, uma coragem que talvez só a fé seja capaz de sustentar.